Nota de pesar e indignação – Justiça por Bruno e Dom!

16/06/2022, às 9:43 (atualizado em 14/03/2023, às 14:03) | Tempo estimado de leitura: 3 min
O Inesc se junta à outras tantas vozes que lamentam o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips e cobram investigação
Foto: Reprodução/Mídia Ninja

Com consternação e tristeza, o Inesc se junta à outras tantas vozes que lamentam o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. Devemos, em primeiro lugar, nossos sentimentos aos familiares de Bruno e Dom, pela angústia sofrida desde o desaparecimento, pelo descaso das autoridades, pelas informações desencontradas e por fim, pelo trágico desfecho. Há perdas que não somos capazes de mensurar.

Da mesma forma, manifestamos nossos sentimentos aos também familiares de Bruno: as comunidades indígenas do Vale do Javari, em nome da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Heróis que, além de enfrentarem cotidianamente as violências que vitimaram Bruno e Dom, foram os grandes responsáveis por suas buscas.  Fizeram, por fim, o papel que o Estado brasileiro pareceu recusar-se a fazer.

O trágico desfecho da história de Dom e Bruno não é inédito no Brasil. Ao contrário, é constituinte de um país marcado pelo racismo, pela predominância de interesses econômicos espúrios e pelo assassinato e ameaça daqueles que se opõem a esse projeto. Foram incontáveis as lideranças indígenas e demais povos tradicionais que tombaram nessa batalha. “Quantos mais terão que morrer?”, nos somamos à voz de Marielle Franco, outra vítima desse mesmo projeto?

Como denunciamos no dossiê “Fundação Anti-indígena: um retrato da Funai sob o governo Bolsonaro”, elaborado junto à Indigenistas Associados (INA), este projeto tem tomado outras proporções nos últimos três anos. O esgarçamento de direitos constitucionalmente garantidos, assim como o estímulo declarado ao desrespeito a estes direitos, que virou a tônica da atual gestão, nos leva a outro patamar. Enquanto o país estiver sob a gestão anti-indígena em que se encontra, povos indígenas e indigenistas, e outros defensores dos direitos socioambientais, estarão correndo o mesmo risco que fez tombar Bruno e Dom.  A luta das comunidades do Vale do Javari junto a Bruno e Dom é, portanto, a luta de todos/as nós, da democracia, da vida.

Há ainda muito a se investigar. As motivações e organizações criminosas por trás dos assassinatos, os interesses e a rede criminosa envolvidos em suas mortes. O fato de a Fundação Nacional do Índio ter se transformado em Fundação Anti-indígena, expurgando funcionários como Bruno Pereira de seu quadro. É urgente, ainda, garantir a segurança e proteção dos povos indígenas e comunidades que seguirão enfrentando a mesma violência que resultou nessas mortes.

Bruno Pereira, presente!

Dom Phillips, presente!

Categoria: Notícia
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