Exposição mostra relação entre modelo mineral brasileiro e tragédia de Mariana

02/08/2017, às 13:55 | Tempo estimado de leitura: 12 min
Fotos, instalações sensoriais, filmes, aulas públicas, rodas de conversa e palestras com especialistas sobre a atuação de mineradoras no Brasil fazem parte do evento “Do Rio que Era Doce ao Outro Lado dos Trilhos: os Danos Irreversíveis da Mineração”.

Usando a arte para estimular o debate em torno do modelo mineral brasileiro, a exposição Do Rio que Era Doce ao Outro Lado dos Trilhos: Os Danos Irreversíveis da Mineração chega ao Espaço de Ensino Mirante do Rio, em Belém, de 7 a 11 de agosto. Depois, o evento segue para Açailândia (MA), de 18 a 24 de agosto, e São Luís do Maranhão, de 29 de agosto a 4 de setembro.

A mostra nasceu meses após o rompimento da barragem de Fundão, que, em novembro de 2015, deixou a região de Mariana (MG) coberta por rejeitos tóxicos. O rastro de lama chegou até o oceano Atlântico e, com ele, cresceu também a necessidade de se discutir as ameaças socioambientais representadas pela mineração. A contaminação da água e do solo, o inchaço e a sobrecarga das capacidades dos municípios que abrigam barragens e os problemas de saúde de sua população são só alguns deles.

São Paulo foi a primeira cidade a abrigar a exposição, organizada pelo Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração. Agora, com a participação da rede Justiça nos Trilhos, o debate ganha força e amplitude, associando o desastre em Mariana aos efeitos da mineração na Amazônia: mais de 2 mil quilômetros separam as duas regiões, mas os impactos são os mesmos. De Parauapebas (PA), onde o minério é extraído, até São Luís do Maranhão, de onde é escoado para o mercado internacional, a população dos 27 municípios cortados pela estrada de ferro Carajás padece com resíduos tóxicos da poeira de minério e com a própria passagem do trem, que leva à deterioração do ambiente onde vivem e é causa de ferimento e morte por atropelamento.

Juntando o rio e os trilhos, os estragos em Minas Gerais e na Amazônia, a exposição Do Rio que Era Doce ao Outro Lado dos Trilhos: Os Danos Irreversíveis da Mineração conta com fotos da região de Mariana, da estrada de ferro e de Piquiá de Baixo (uma das cidades mais impactadas pela mineração na região, espécie de “Mariana da Amazônia”), além de instalações sensoriais, exibição de filmes, aulas públicas, rodas de conversa e palestras sobre o modelo mineral, sobre Mariana e Carajás. Merecem destaque o mural O Rio que Era Doce, de 14 x 3 metros, da artista Leila Monségur, e as maquetes que, com movimentos, reproduzem o complexo de Mariana antes do rompimento da barragem e logo após o desastre, com lama se espalhando – bastante didáticas, as maquetes ajudam o público a entender como funciona a mineração e a gravidade de seus impactos, especialmente em termos de contaminação da água. Outro ponto alto do evento será o lançamento do documentário 30 Anos de Jornal Pessoal: Rebeldia Necessária à Amazônia,do jornalista e pesquisador Lúcio Flávio Pinto, que ministra – no dia 11, fechando a exposição – a aula pública Carajás: Um Ciclo Perdido?.

Exposição mostra relação entre modelo mineral brasileiro e tragédia de Mariana

Sobre o Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração:

Articulação de organizações, movimentos sociais, igrejas e pesquisadores, em atividade desde 2013. É uma das principais iniciativas nacionais que se organiza politicamente em defesa dos atingidos pela mineração e de seus territórios. Investe, também, em comunicação e formação sobre o tema.

Sobre o Justiça nos Trilhos:

Rede de organizações não governamentais e movimentos sociais formada em 2007 para denunciar e combater violações de direitos humanos e crimes ambientais ao longo do Corredor Carajás. Atribuir as devidas responsabilidades ao Estado brasileiro e à empresa Vale é uma das missões do Justiça nos Trilhos.

Vamos falar sobre Questões Socioambientais?

Se interessou pelo tema? Inscreva-se para receber nosso boletim por email!

Leia também:

Mineração: contaminação e violações de direitos financiados com dinheiro público

Ambientalistas pedem mais clareza em mudanças no código da mineração

Estudo revela como empresas de mineração retiram bilhões do Brasil sem pagar devida tributação

Categoria: Notícia
Compartilhe

Conteúdo relacionado

  • Imagem: Fotomontagem com base em imagem de freepik
    Reforma tributária: alimentação saudável e...
    Organizações da sociedade civil, entre elas o Inesc…
    leia mais
  • Inesc defende que a taxação dos super-rico...
    “Gerar tributos sobre a riqueza é uma das…
    leia mais
  • Reforma tributária é oportunidade históric...
    Um conjunto de organizações que atuam na defesa…
    leia mais
  • Programa de Aceleração da Transição Energé...
    A Coalizão Energia Limpa lançou nesta semana uma…
    leia mais
  • Relatório Técnico – Perfil de Financ...
    Este relatório apresenta uma revisão da evolução do…
    leia mais

Cadastre-se e
fique por dentro
das novidades!